Comprar ou não comprar? Eis a questão

Tenho percebido um movimento de blogueiras repensando a forma que consomem a moda e, de certa forma, até estimulando uma freada nas compras para aproveitar mais o que já têm no guarda-roupa. Acho essa discussão sadia, porém eu defendo o equilíbrio – sempre! 

De repente virou modinha mulheres fazendo uma limpeza profunda e montando o chamado “armário-cápsula” (um acervo de até 50 peças entre partes de cima, de baixo, calçados e acessórios) para encarar a vida durante toda uma estação, a fim de provar que é possível viver com menos. Iniciativa interessante, a meu ver, para quem é básica: nos blogs que acessei, vi muito preto, branco, marinho, bege e jeans, além de pouca estampa. Pra mim não funciona, porque meu estilo é mais criativo.

Então, acredito que esta não é a saída para evitar despesas desnecessárias. Eu não pretendo parar de consumir porque seria uma postura extremista e não serei hipócrita de escrever isso no blog para passar uma imagem de pessoa politicamente correta (prefiro pensar que meu consumo contribui com a economia, kkkkkk). Também não quero ser incoerente como algumas blogueiras que uma hora apedrejam quem tem o guarda-roupa recheado de tendências e marcas caras, mas na semana seguinte fazem post publicitário de determinada loja, cujo intuito é despertar o interesse das leitoras e incentivá-las a gastar.

No meio deste turbilhão de pensamentos, fiquei pensando como é a imagem que vocês têm de mim, se acham que eu sou muito consumista; afinal, sempre compartilho uma novidade nos meus looks, as comprinhas que fiz nos últimos tempos... Mas eu pergunto: qual é o termômetro do consumismo exagerado? O valor desembolsado por mês? A quantidade de itens adquiridos? Para minha surpresa, quando a Adriana (aka colunista de Nutrição) estava aqui em casa e foi conhecer o meu closet, a primeira coisa que ela falou foi: imaginei que você tivesse mais roupa! Me senti de certa forma aliviada com a opinião de alguém “de fora” porque, a meu ver, eu tenho bastante coisa! 

É indiscutível o fato de que armário lotado mais atrapalha do que ajuda. Com tantas opções, a gente tende a ficar perdida e demorar para escolher o que vestir, limitando até mesmo a criatividade. Por isso que, além de consumir de forma consciente, preciso aperfeiçoar minhas escolhas e respeitar meu lifestyle. Possuo peças que não condizem com a rotina de dona de casa com pouca vida social. Esta é uma das questões que venho trabalhando internamente.

Outro ponto é a influência que o preço das mercadorias exerce sobre mim, pois aqui nos EUA a gente sempre encontra coisa boa por valores acessíveis. A questão é: necessito disso? Que diferencial vai agregar nos meus looks? E quando eu falo que deveria “resistir mais às tentações”, não quer dizer que eu pego qualquer coisa só porque está barato. Tem que rolar afinidade com o estilo da peça, vestir legal no corpo... Por exemplo: se eu encontro calça jeans na promoção da Gap (que eu sei que me cai bem), preciso contar até 652649302 pra não comprar, porque eu adoro um jeans, é um tecido que combina com minha rotina e eu sempre acho que vale a pena ter uma nova opção. Mas não, né gente?! Desnecessário total! 

E isso remete a outro problema: eu me desinteresso facilmente pelas coisas. Não adquiro nada que eu não curti, mas a verdade é que o encanto passa rapidinho. Por isso que eu digo que hoje eu não AMO nem metade do acervo. Gosto, sim, da maioria esmagadora das peças. Mas amor é diferente, né? No início do ano, eu me propus a ser mais seletiva em 2015 e só abrir a carteira quando algo arrebatasse meu coração. Ao longo destes sete meses tropecei várias vezes (fiquei até com raiva de mim mesma), principalmente em algumas compras pela internet que não eram aquela Brastemp toda. O e-commerce das lojas é pura comodidade, porém não dá para observar o material, acabamento e caimento no corpo – só se vê o preço. Pior ainda é quando o item está em “final sale”, o que aqui significa que não pode trocar; se der errado, azar o seu! 

A tática que tem funcionado ultimamente é tirar foto da peça que me interessou, sair da loja para que o impulso não fale mais alto e, se ficar martelando na cabeça, é sinal de que vale a pena. Somente então volto pra buscá-la. O bom de morar no interior é que raramente o produto será vendido de um dia para o outro. Não tenho aquela pressa de turista, que vem curtir as férias nos Estados Unidos e em poucos dias quer comprar o mundo. Rola um desespero, porque muitas vezes é oportunidade única para ele, enquanto que eu posso me dar ao luxo de pensar. Sem pressão.

Bom, pra resumir: essa história de armário-cápsula é carta fora do baralho pra mim. Quero, sim, comprar cada vez melhor pagando menos – inclusive por conta do dólar disparado. A não ser que seja algo incrível que talvez esgote rápido, eu vou continuar sendo a rata de liquidação (o que não significa qualidade inferior ou defeito). Lá eu encontro, por um valor convidativo, desde peças básicas às fashionistas, que não costumam agradar toda mulher. E, supondo que use poucas vezes porque enjoei, posso revender por um precinho camarada nos bazares que promovo quando vou ao Brasil. No final, é bom pra todo mundo – eu passo pra frente aquilo que já me cansou, e quem compra paga barato em algo seminovo.

O que vocês pensam sobre tudo isso? Quais os deslizes que cometem na hora das compras e o que estão fazendo para melhorar? Vamos trocar ideias e experiências!

Comentários

  1. Oi Ca! Particularmente, acho que os blogs de moda e sua respectiva ascensão no Instagram, promovem um estímulo ao consumo. Vejo que existe uma estratégia na utilização das palavras, para que haja um súbito desejo de comprar.
    Por 5 anos eu dividi minha vida entre o interior e a cidade de SP - e tive 2 armários, apesar de sempre estar com mala. Até aí tudo bem, em SP meu acervo era para 'emergências' e roupas para academia. Este ciclo chegou ao fim. Quando todos voltamos para casa (eu e meu acervo), olhei para o armário, para o que estava aguardando 'armazenagem' e veio o balãozinho: "e agora"?
    Deste fato até hoje, se passaram 18 meses. Período que fiquei sem compras? Mentira. Passei a observar a "flutuação" dos preços nas lojas e o que encontrava nas liquidações. Peças que eu pagava "os olhos da cara", nas liquidações apareciam remarcadas por 29,90. Aí a ficha começou a cair e eu passei a me valorizar mais. Cheguei ao extremo de fazer as contas para saber quantas horas eu deveria trabalhar para pagar uma bolsa ou um sapato, exemplo kkkk
    O que eu aprendi do meu próprio exagero: eu não preciso de um armário novo, com mais espaço, preciso valorizar mais o que já tenho.
    Bom, sobre a coleção 'cápsula', não me enquadro neste perfil. Por mais difíceis que sejam os nossos dias, acho que estar, no que pra mim, pode ser classificado como bem vestida é importante. Se falta um sorriso no rosto, uma roupa mais alegre ajuda a disfarçar (muda o foco, na verdade). Esta é a minha estratégia.
    De todo meu acervo, ainda estou em busca da otimização máxima é de criatividade para que tudo se pague rs
    Beijos Ca! Obrigada por abrir o espaço!
    Carol

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    1. É isso aí, Carolzinha! Acho que nós (porque eu me incluo nessa) precisamos evoluir no sentido de usar muuuito mais o que já temos no armário. No meu caso, o "problema" é a rotina que tenho: como dona de casa, minha vida social é limitada. Mas vc que trabalha fora tem mais ocasião para "gastar" as roupas - e isso é fazer o dinheiro valer até o último centavo e respeitar o que conquistamos. Juntas vamos conseguir melhorar cada vez mais a nossa relação de consumo!
      Um bju e obrigada por compartilhar sua experiência! Amei o comentário! <3

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  2. Também sou contra o radicalismo!!! Equilíbrio sempre !! bjss

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    1. É isso aí, Verônica! Você é das minhas, rsrs! Obrigada pelo comentário e bom final de semana!

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  3. Camila, penso como você. Esse conceito de armário-cápsula é até interessante na medida em que nos faz refletir sobre o consumo exagerado, mas também acho exagerado o próprio armário-cápsula. Não me enquadro nesse perfil, pois sou criativa como você e amo cores e estampas. Mas isso não quer dizer que gasto demais... há anos observo o que gosto de verdade, compro só se amar a peça, e busco sim as liquidações. Por outro lado, também não compro só porque está liquidando. Tomei consciência sobre isso e quem se dispuser, vai tomando também. Gosto de andar arrumada, com uma bolsa bonita, um sapato legal. Não adianta fechar os olhos e dizer que o que importa é como somos por dentro... ok, isso é legal, mas as pessoas nos veem no trabalho, na rua, no shopping, p. ex. Não estou dizendo que quem não se importa com isso está errado. Mas eu me importo sim com minha imagem, me sinto mais bonita quando estou arrumadinha (não estou falando de roupa cara, pq hj mesmo mamãe me viu saindo para o trabalho e disse "uau, tá chiquérrima" kkk e eu estava com um vestido preto super básico e barato, um lenço fininho amarrado em forma de gola, jaqueta jeans escura e um salto médio e bolsa de loja popular, nada demais, mas causou um efeito bacana). Enfim, respeito muito quem prefere o minimalismo, mas eu quero consumir com consciência, sem exageros, porém acompanhando um pouco as tendências, já que às vezes uma pecinha da moda já dá uma modernizada em roupas que já temos.

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    1. Concordo super com as suas colocações, Ana! Acho legal que no Brasil as pessoas estão começando a dar importância para a imagem pessoal e profissional (algo que na cidade onde moro, aqui no interior dos EUA, não tem o menor significado).
      Com certeza o look independe de marcas, preços e tudo mais - o legal é como a gente trabalha as combinações das peças. E você, pelo jeito que se posicionou no comentário, deve arrasar! Um beijo grande e obrigada por compartilhar sua visão conosco!

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