Comprei e me arrependi

Janeiro é um mês de muitas datas significativas na minha vida: algumas tristes, como a morte do meu querido pai, mas outras de alegria, como o meu casamento, a mudança para os Estados Unidos e a criação deste blog! Pois é: semana passada o VCE completou seis anos na internet, ao passo que hoje faz cinco anos que vivo na terra do Tio Sam 🇺🇸. Como o tempo passou! Desde então muita coisa mudou: eu amadureci e meu estilo também. Continuo adorando o universo fashion, mas acredito que atualmente nosso relacionamento está mais saudável. No passado, a moda e o consumismo eram a minha válvula de escape. É difícil escrever sobre isso, porque significa assumir publicamente um comportamento que eu sinto vergonha. Mas sou humana e erro, né?! Como todo mundo! Menos mal que a prejudicada foi somente eu – e o meu bolso.

Deixa eu explicar melhor... Quando eu vim para os EUA, minha rotina se transformou da água pro vinho: antes eu tinha dois empregos e aqui havia me tornado uma dona de casa. Não tinha autorização para trabalhar e o blog acabou preenchendo o vazio mental e ocupando meus dias. Neste processo eu me perdi: ainda estava presa à antiga vida no Brasil, mas a nova realidade era diferente e eu não percebi. Eu tinha na época um dinheirinho que havia juntado justamente para adequar meu guarda-roupa ao clima frio, porém a verdade é que, com tanto tempo livre, adquiri coisas que não precisava. Por muitas vezes, usei o blog como desculpa (pra mim mesma) para ter determinadas peças, já que postar looks é algo que sempre curti. Via as amigas brasileiras e/ou as blogueiras vestindo a roupa “X” da moda e, mesmo que ela não combinasse com o meu novo estilo (informal) de vida, eu comprava. Ia passear no outlet e, se nas araras de liquidação das lojas algo me chamasse a atenção, já era. Sem mencionar as compras online...

Um bom exemplo são os meus scarpins. Lembram da tendência dos sapatos coloridos? Pois eu não me contentei em ter um pink; peguei também o azul bic (isso porque, na época, já tinha o amarelo neon que usei no meu casamento). Pra que, meu Deus? Depois veio a febre dos scarpin brancos – e lá foi a Camila atrás de um par para chamar de seu. O pior: comprei no site da Zara, sem provar, e ele destrói meu calcanhar toda vez que uso! Nem dá vontade de calçar! Já o nude – que foi um dos primeiros pares que comprei aqui nos EUA – foi bastante usado, a ponto de se desfazer. O que eu fiz? Em 2016 substituí por outro, porém este nunca pisou fora de casa (e paguei caaaaro)! E por que você não desencalha isso, Camila? Porque desde que comecei a trabalhar fora quase não sobra tempo para o lazer. Meus dias de folga são diferentes do meu marido, então falta oportunidade pra sair e me produzir. Sem falar que os scarpins são sapatos “sociais” e meu lifestyle é completamente casual. Talvez nem combinem mais comigo...

Consequentemente, hoje olho pra minha sapateira e vejo quanto dinheiro joguei fora. Fico mal e com a consciência pesada de verdade. Não dou conta de usar tudo o que tenho. Bate um arrependimento forte (e não somente em relação aos calçados, mas às roupas também, pois existem peças que não saem do meu closet há anos – como é o caso de muitas camisas e dos blazers da Zara)! Agora eu entendo que não preciso deles para ficar arrumada, mas dá pra voltar no tempo e avisar isso pra Camila lá de 2013?! Eu tinha outra cabeça e priorizava mais o meu estilo pessoal do que o de vida. Não percebia que aquele tipo de roupa que me era útil no Brasil já não seria de grande serventia na nova vida nos EUA... 

Como resultado, tantas coisas encalharam no meu closet porque simplesmente não há ocasiões para usá-las e nem me vejo mais nelas! Organizando meu closet semana passada percebi que não me identifico com metade do que tenho (o que é um absurdo, eu sei)! Fora ainda as calças, shorts e saias que ficaram folgadas depois que emagreci e preferi guardar separadamente em caixas por um tempo... vai que eu engorde de novo, né?! Porém, estou com meu peso estável há um ano, então não sei se voltarei a vesti-las.

É duro reconhecer que talvez eu tenha me tornado uma consumista com C maiúsculo, mas o importante é que estou me esforçando para mudar! Em 2017, sei que comprei menos (em termos de quantidade) do que nos anos anteriores. Com o trabalho como vendedora, tô aprendendo a valorizar mais os meus suados dólares que custo a ganhar. Por isso, minha prioridade para 2018 é diminuir os gastos com vestuário, sacando o cartão de crédito somente para adquirir o que trará um toque especial ou diferente para os meus looks – e de preferência pagando pouco, haha! Espero, do fundo do meu coração, que eu consiga manter a linha sem grandes deslizes. Que a minha felicidade neste ano esteja mais relacionada a experiências vividas do que a bens materiais!

Comentários

  1. Super adorei esse post. Não é fácil mesmo reconhecer que somos consumistas, que muitas vezes compramos algo do qual nos arrependemos. Me sinto assim em ralação a algumas peças de roupas e principalmente, em relação a calças coloridas e blazers. Ai, que arrependimento! Sapatos eu não sinto isso. Sinto que fiz bem em comprar todos, exceto....um scarpin verde de bico redondo. É um problema quando não é muito nosso estilo. Ao contrário de você, eu uso bastante os scarpins mas...o bico redondo já não faz meu estilo. E as saias midi evasês?? Aff, não quero nem lembrar. Mas enfim...que possamos aprender com nossos erros e pensar melhor daqui pra frente. Aprendo muito com você!

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    1. Eeee, que bom, Aline! Fiquei feliz com seu comentário e também com os outros que recebi no Instagram, afinal, que mulher nunca se arrependeu de uma compra, né? Pelo menos agora eu sei o tipo de peça que não preciso mais ter no guarda-roupa... vivendo e aprendendo! E é muito gratificante saber que você também aprende comigo, ihihihi! Beijos e obrigada pelo carinho <3

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