Viagem a Ubatuba

Não creio que hoje faz um mês que cheguei ao Brasil! Nesse tempo aconteceu tanta coisa... Perdi meu pai – sem sombra de dúvida o pior momento da minha vida –, mas também estou revendo pessoas queridas, matando as lombrigas gastronômicas e curtindo o verão. É claro que eu gostaria de ter vindo por um motivo menos dolorido, mas Deus sabe o que faz (e pensar que eu poderia ter ficado presa em NY, onde fiz conexão, por conta da nevasca que cancelou milhares de voos...). Então, não posso reclamar, pois Ele me deu a oportunidade de ficar com papai em seus últimos dias de vida.

Por falar em verão, quem me segue no Instagram (@camila_vaz) deve ter visto alguns registros que fiz durante a viagem a Ubatuba. Estávamos em 9 mulheres: eu, mamys, minhas duas tias, uma prima (com seu filho de 9 anos – o único homem para nos “proteger”, rsrs), além da minha vó e suas três irmãs. Ou seja, alegria na certa!

Ficamos na Enseada, praia ideal para quem tem criança ou idosos na família, kkkkkk (parece um grande lago devido à ausência de ondas). Foram dias de muuuuuito sol e calor – até a água do mar estava quente –, perfeitos para pegar um bronze. Resultado: eu, que era a mais branca de todas, fiquei vermelha logo de cara, mesmo com protetor solar fator 50 (e já estou descascando, humpf)!

Porém, é impossível ir a Ubatuba e não lembrar do meu pai. Aquele cantinho era um dos lugares que ele mais amava no mundo. Ele fazia amizade fácil e conheceu muita gente na Enseada – tanto que ficou popular até entre os vendedores ambulantes, que o chamavam pelo nome. Por isso, as pessoas vinham dar os pêsames à minha mãe (e meus olhos lacrimejavam). 

Papai era muito querido – e eu às vezes penso que tudo não passou de um pesadelo. Sei que para mamys foi ainda mais difícil, afinal, a praia está carregada de memórias e é extremamente significativa para eles. Mesmo assim, posso dizer que esta viagem foi importante para nos mostrar que a vida tem que seguir, apesar da dor e saudade imensuráveis. Lá do céu, ele está olhando por nós. 

No geral, sair para passear não significa que a gente está 100% bem, mas tenho certeza que meu pai não gostaria que ficássemos em casa chorando o dia todo. Aliás, a Oração de Santo Agostinho (a mais linda que já li) resume exatamente o que acreditamos:

“A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Por que eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi”.